quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Os teus pés

Quando não posso contemplar teu rosto,
contemplo os teus pés.

Teus pés de osso arqueado,
teus pequenos pés duros.

Eu sei que te sustentam
e que teu doce peso
sobre eles se ergue.

Tua cintura e teus seios,
a duplicada púrpura
dos teus mamilos,
a caixa dos teus olhos
que há pouco levantaram voo,
a larga boca de fruta,
tua rubra cabeleira,
pequena torre minha.

Mas se amo os teus pés
é só porque andaram
sobre a terra e sobre
o vento e sobre a água,
até me encontrarem.

Pablo Neruda



Falando de memória nada pode ser esquecido. Para aqueles que se sentem como eu.

2 comentários:

Cássia Valle disse...

Pablo Neruda consegue exprimir a paixão e a admiração pela pessoa amada como ninguem... lindo poema.

Anônimo disse...

em relação ao poema, só sei que o que sei é q nada sou para sequer elegiar o que sua obra é. (certo.. parodiando sócrates... rá-rá)