segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Lama de Catatumba, eu tomei

Chego eu, enfadado, enfatigado, estuperfato, encaliçado, enrigecido e outros ens a mais... como cerimônia para um bom início de descanso vou até minhas quatro bocas e começo um ritual. Com aquele caldeirão mágico (Xamãs dariam a vida para a elaboração de receitas e feitiços) seleciono da melhor água possível (não se está fácil uma boa água para o consumo), escolho um metal nobre de tonalidade diferenciada (não se tem mais orgânicos, daí funciona na base de agrotóxicos), e me impressiono com a técnica italiana utilizada no processo.

Como mágica faço fogo. A concentração e o poder das chamas começa a me deixar admirado (há 9 meses não chamo o senhor repositor de cilindros BUTANO). Exponho o fundo do caldeirão sobre uma daquelas chamas. Por algum tempo contemplei seu design. O aquecimento... a precipitação...

As divisões do metal que intrigam a física, a gravidade que é desafiada pelo fervor. As tranferências de energia fazem ebulir, subir e evaporar boa parte do composto. O erro na medida do ingrediente, faz criar um monstro, algo quase imperdoável. A impaciência sobre o tempo do processo, o reclamar do caldeirão feito em alumínio, o Estalo que até agora não o vi estalar.... o assopro avisando o vazio.

O conceito é claro e diz claramente: Para usar, saiba usar. Para meu pecado e penitência acabei exagerando nas doses.

O resultado do infeliz:

Negro como a noite sem lua.
Saboroso como aquele primeiro beijo consciente.
Forte feito a formiga que levanta até 50 vezes o seu peso.
Ligêro feito coito de cuelho...
AMARGO, puta que pariu... que amargor da mulesta!!!
Poderia aqui dizer inúmeros adjetivos para minha criação, mas a preferi chamar atenciosamente de Lama de Catatumba.

Pensei que não conseguiria, mas finalizei um processo.... flocos de milhos cozidos, leite qualhado acidificado com uma cultura bacteriana, farinhas de trigo, água e sal. Foi esta a minha base alimentar daquela noite em que fiz o teste prático da Moka. (Genial, como diria César).


Nota de pé de texto: A primeira vez que ouvi o termo foi driblando noites de trabalho junto à Virgulino Ferreira, vulgo Lampião, nos tempos da TVI. A Moka utilizada e referida pertence a Linus, o garotinho e mlhor amigo do Charlie Brown, cujo é carinhosamente um apelido concedido a mim por Giusa.

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