quinta-feira, 12 de julho de 2007

A resposta da Literatura a Roberto. O Satanás manda lembranças



Um traço que não é riscado à carbono. A lâmina que entalha a madeira gravou marcas na borracha, a tão pouco conhecida Linogravura de Dila, o maior Xilo ou Lino - gravurista do país. Um cantor adorado pelas massas que em vaidade processa e bloqueia a obra do artista. Essa é a história que vou tentar traçar. (Lembrando. Eu não sou xilogravurista)

Nos 100 anos de comemoração da Xilogravura na Literatura de Cordel eu faço uma pergunta: O que é Literatura de Cordel? Uma arte que existe no Brasil há um século, tem em Caruaru um ícone de existência e resistência, a Academia Caruaruense de Literatura de Cordel é pioneira em essência no Planeta. (Saudações Herlon!). Semanalmente reúne os melhores artistas populares do Nordeste, 'quiçá' do mundo, lembrando do meu GRANDE amigo Diego Barbosa. As letras garrafais de Grande são sinceras.

No entanto, a mídia artística se preocupa em acompanhar os passos de mais uma briga judicial de 'famosos'. Não seria a separação de um estrangeiro com a parte colorida do globo, mas sim de um Rei que não quer perder dinheiro em sua biografia não autorizada.

Repetindo a palavra, a majestade de quem vos falo se chama Roberto Carlos Braga, nascido da humilde cidade de Cachoeiro de Itapemirim - ES, é considerado o maior vendedor de discos da América Latina e o cantor brasileiro que mais vendeu discos no mundo. Mas, acredito eu, que na minha enorme ignorância, ele precise de dinheiro da publicação de uma biografia. Sentimentos humanos pessoais à parte - VAIDADE.

O que pretendo na verdade é mostrar uma pérola da Literatura de Cordel que Roberto Carlos ou não viu, ou não se importou com o lucro advindo da obra. O cordel intitulado 'Carta do satanás a Roberto Carlos', traz a fábula do poeta popular Enéias Tavares dos Santos explicando o que o Cão, Satanás, a Besta Fera, fez quando se viu cansado de ouvir o Rei mandar tudo pro Inferno.

Aqui vai a Literatura:
“Inferno, corte das trevas, /Meu grande amigo Roberto, /Eu vi o seu novo disco /É muito bonito, é certo, /Mas cumprindo a sua ordem, /O mundo fica deserto. // E o soberano das trevas faz mais este apelo ao ídolo da jovem guarda: “Tem feito muito sucesso/ Essa sua gravação/ Mas eu já sofri até/ Ataque do coração/ Porque aqui no inferno /É de fazer compaixão.// Se para aqui vier tudo/ Eu fico muito apertado/ Pois o inferno já está / Por
demais superlotado,/ Você ganhando dinheiro/ E eu ficando aqui lascado”. //

Com esse folheto sendo publicado ininterruptamente há mais de 40 anos, o poeta autor conseguiu 'botar em dia as contas' como ele mesmo diz.

É isso. Roberto Carlos não quer saber de ninharia e o Mestre Dila continua em sua humilde casa riscando, rasgando e compondo o que faz de melhor - melhor de todos - Xilogravura. Nos 100 anos de comemoração da Xilogravura na Literatura de Cordel eu faço uma outra pergunta: Vocês viram comemoração? (Dr. Hélder você está certíssimo).

Nota Pessoal.: Gostaria de agradecer a receptividade percebida nos amigos que comentaram, apoiaram, visitaram ou criticaram o blog. Minha contribuição à cultura da minha Terra de Caruaru será feita no dia que tiver um pouco mais de tempo pra comentar o que sinto com ‘minhas’ imagens. As palavras já estão sendo ditas. De Coração Obrigado a Todos!

2 comentários:

Fagner Fernandes disse...

Grande bira.. mto interessante o comentário, vai ver que o "rei" da música brasileira nem saiba o que é xilogravura, se souber n deu a mínima importância, assim como grande parte dos artistas nordestinos que passam despercebidos nessa longa estrada da vida.. Parabéns..!!!

Anônimo disse...

Your blog keeps getting better and better! Your older articles are not as good as newer ones you have a lot more creativity and originality now keep it up!