Não serei preconceituoso em morar num fim de mundo conhecido como interior de Pernambuco. Lembrado como o CUtuvelo do planeta, lugar onde o DJABO perdeu as botas, onde o vento faz a curva. Minha cidade, digo a cidade onde sobrevivo, tem aproximadamente 300 mil habitantes, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Não sei pra quê serve se nunca tem uma estimativa certa.
A cidade tem mais mototaxistas que habitantes. A cidade que tem em dias de terça-feira, aparece uma superpopulação de toyotas que nunca respeitam trânsito, que aliás, trânsito não existe. A maior avenida da cidade tem 3 quilômetros, um anél viário que leva de lugar nenhum ao meio do nada.
A única cidade acima de 250 mil sobreviventes que não tem um teatro. Tem até grupos teatrais, mas teatro não. Cidade com 300 mil iludidos com o barro feito no Alto do Moura, digo isso porque civilizações muito mais antigas faziam há mais de 2 mil anos perfeitas esculturas em mármore, bronze, pirâmides, colliseus, jardins suspensos, budas e por aí vai.
Comemorou há meses 150 anos. Só isso tem o Big Ben, o maior relógio de Londres que parou para reformas. Aqui só se destrói e o relógio que a cidade tem .... tem mais anúncios que triciclo de publicidade, coisa que é normal daqui.
Poderia até destacar pontos positivos. A cidade já tem coca-cola e energia elétrica, até internet. Na verdade, minha maior indgnação, hoje, é a vergonha de ser interiorano. A cidade tem mais igreja que o purgatório e as igrejas daqui parece que mandam na cidade. Penso que os governantes daqui são padres, bispos, ou até mesmo pastores.
A minha IRA, que por sinal está de disco novo e bom disco, e por ela pagarei é que passaremos 6 MESES ou mais sem uma única exibição cinematográfica. Nunca foi pedir muito, mas tinhamos três salas com sistema analógico, filmes dublados e de vez em quando legendados, filmes que chegam 48 dias após a estréia nacional. Filmes fora de foco e enquadro, acho que falta treinamento para exibidores, pipoca fria, não vende cerveja, e cadeiras desconfortáveis e o som... ah o som, nunca estava na medida e as caixas furadas tão belas.... ah como eh bom o cinema.
Pensem nisso leitores. Uma cidade sem cinema. Historicamente a cidade já possuiu 6 locais de exibiões de filmes. Que fiz questão de listar aqui:
Cine Rio Branco (Fechado e transformado em revenda de Produtos de beleza);
Cine Caruaru (tranformado em agência bancária);
Cine Teatro Santa Rosa ( Tranformado em comércio);
Cine Dois Irmãos (Transformado em Igreja Evangélica);
Cine Grande Hotel (Transformado em Igreja Evangélica).
O sexto fica no Shopping Center da cidade, até o dia 20 deste mês. Uma linda segunda-feira. (Estarei lá no domingo na despedida da alegria das crianças, jovens, adolescentes e cinéfilos).
olha que chiq, a cidade tem um shopping, ou seria um anexo de uma das faculdade que a cidade possui?
Gostaria de perguntar nesse momento. Precisamos tanto dessa limpeza espiritual? Tanta igreja, tão pouco cinema, teatro, cabaré, bares interessantes, alternativas. Como diria Skylab Uma MERDA.
Me tornei preconceituoso. Descobri isso no momento da postagem e resolvi assumir. Mas, fazer o quê, se minha cidade é essa que descrevi. Aqui vão três imagens dos antigos cinemas....

Fotos de arquivo.